
Advogado suspeito de encomendar morte de delator do PCC estaria ligado à máfia
- 14-11-2024 16:44
Em meio a uma investigação complexa sobre lavagem de dinheiro ligada ao Primeiro Comando da Capital (PCC), o advogado Ahmed Hassan, conhecido como Mude, se tornou um dos principais personagens envolvidos.
Como acionista da empresa de ônibus UpBus, que opera na zona leste de São Paulo, ele foi detido em agosto durante a Operação Decurio. A operação foi desdobrada para desarticular esquemas de lavagem de dinheiro que incluíam aquisições imobiliárias suspeitas.
Gravações obtidas pelo MPSP revelam conversas entre o advogado Ahmed Hassan, conhecido como Mude, e um policial civil do Departamento de Investigações sobre Narcóticos (Denarc), onde discutem a contratação da execução de Gritzbach. O áudio foi registrado pelo próprio delator, que gravou a negociação sem o conhecimento dos envolvidos. As informações foram apuradas pelo portal Metrópoles.
Na conversa, Mude e o policial discutem a oferta de R$ 3 milhões pelo assassinato de Gritzbach. O advogado, que era acionista da empresa de ônibus UpBus, já havia sido preso anteriormente por suspeita de lavagem de dinheiro para o PCC, utilizando a empresa de transporte que atua na zona leste de São Paulo.
O MPSP aponta que Mude teria desrespeitado o compromisso ético com a Ordem dos Advogados (OAB), facilitando pagamentos ilícitos a policiais e adquirindo drogas de seus clientes dentro da sede da UpBus. Além disso, ele teria sugerido a criação de um escritório na empresa para dificultar investigações policiais.
Relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) revelam que Mude movimentou R$ 27 milhões entre 2019 e 2024, com transações suspeitas, incluindo a aquisição de US$ 488 mil em 2022, mesmo com a UpBus registrando prejuízo de mais de R$ 500 mil no mesmo período.
Além disso, ele teria utilizado a empresa AHS para lavagem de dinheiro, com a compra de imóveis avaliados em R$ 15 milhões. A conexão entre Gritzbach e Mude envolve outros membros do PCC, como Anselmo Santa Fausta, conhecido como Cara Preta.
Gritzbach, que admitiu em delação a lavagem de dinheiro para o PCC, foi executado em Guarulhos, sendo acusado de ligação com assassinatos e tráfico. Ahmed Hassan ainda não se manifestou, mas o espaço segue aberto.
Após as suspeitas de conexão do PCC com a UpBus e a Transwolff, a Prefeitura de São Paulo iniciou uma auditoria e notificou as empresas, que estão sob intervenção da gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) há sete meses, com possibilidade de rompimento dos contratos.